Escola para pais: Repaginando a relação Família-Escola

Escola para pais: Repaginando a relação Família-Escola

Por Priscila Benitez

A escola para pais é um instrumento que permite repaginar as funções dos pais e da escola no desenvolvimento dos fihos/alunos e orientá-los a partir dos conhecimentos fornecidos pela Psicologia do Desenvolvimento. É necessário compreender a instituição familiar, por ser a primeira célula social do ser humano, responsável por suas primeiras interações no mundo. A escola é quem fornece continuidade a esse processo educativo, porém, de modo formal, com conteúdos organizados e sistematizados, visando ao desenvolvimento do cidadão. Atualmente, as complexas transformações sociais, políticas, econômicas e culturais, decorrentes do impacto tecnológico provocaram diversas mudanças na dinâmica familiar e estas são retratadas no ambiente escolar dos filhos. A fim de proporcionar uma melhora nestas relações entre escola e família, surge a necessidade de esses educadores conhecerem o desenvolvimento humano – as necessidades e as dificuldades de cada faixa etária. 

A escola para pais é um tema atual e relevante, pois a família, por ser a primeira forma de socialização do indivíduo, contribuirá para que haja excelência na aprendizagem de todos e maior autonomia. 

Em consonância com Domingues (1998, p. 68) “a escola é o lugar privilegiado que permite o acesso aos produtos da cultura humana”, é no espaço escolar, portanto, que se pode realizar as fecundas ações do saber e a partir dos conhecimentos fornecidos pela Psicologia e pela Pedagogia pôde-se entender o desenvolvimento infantil, a importância da família e da escola, questões de identidade, as relações criança-adulto, criança-criança e educador-pais. 

Desde os primórdios, a família apresenta-se como a primeira célula social responsável por apresentar o mundo à criança, por ser o primeiro centro de convivência conjunta, sendo sua principal incumbência a tarefa de formar, de apresentar, enfim, de educar, visto que “educar significa promover, assegurar o desenvolvimento de capacidades, tanto físicas quanto intelectuais e morais. E, de uma maneira geral, vem sendo assegurada, como de responsabilidade dos pais” (GUZZO, 1990, p. 134). De Lajonquière (2003, p. 145) dialoga com Guzzo (1990) ao enfatizar que “educar […] é transmitir marcas simbólicas – inventar metáforas – que possibilitem à cria sapiens usufruir de um lugar no mundo a partir do qual possa se lançar as empresas impossíveis do desejo”.

A família, de acordo com Guzzo (1990, p. 134) e Romagnoli (1999, p. 13), apresenta “um papel importante no desenvolvimento do filho, pois é o primeiro grupo social do ser humano, responsável por suas primeiras interações no mundo”. No entanto, Guzzo (1990, p. 135) afirma que “a família tem delegado cada vez mais às escolas, a tarefa de formar, esperam respostas aos seus problemas e buscam soluções junto aos elementos da escola”. Diante desta situação, quais são as possíveis contribuições que os profissionais da área de Psicologia e Pedagogia podem oferecer? Já que este cenário é uma problemática que vem contaminando, cada vez mais, diversas escolas brasileiras, fazendo com que os alunos tenham dificuldade em desenvolver o interesse pela aprendizagem na sala de aula, principalmente pela leitura e escrita, sendo estes, recursos indispensáveis na construção do pensamento crítico. Isto está ocorrendo devido a diversos fatores, uma vez que o mundo vem passando por intensas transformações e sofrendo uma série de crises, relacionadas com a dramática mudança do meio rural para o urbano e o impacto tecnológico característico do século XX (ÁRIES, 1975). O modelo de família nuclear vem sendo substituído por uma drástica diminuição no número de integrantes da família, sendo esta, hoje em dia, ora como unipessoal, ora chefiada por mulheres, “necessitando de inúmeros arranjos para a criação de seus filhos”, pois neste quadro pinta-se a entrada, cada vez maior, da mulher no mercado de trabalho, que geralmente são muito distantes de suas casas, “levando as crianças a permanecerem mais tempo na escola, sem a presença dos pais”. Outro ponto a destacar é que além de a família urbana ser menor e caracterizada pela alta mobilidade, “ela nem sempre tem com quem contar para mediar seus conflitos e para compartilhar a criação dos filhos”.

Este contexto tem influenciado diretamente na estrutura e organização da família e da comunidade. Com isso, a família tem delegado sua responsabilidade de formar e educar às escolas; seja por insegurança, por falta de disponibilidade ou interesse, os pais estão furtando-se de contatos mais planejados com seus filhos, ausentando-se do “diálogo, da disponibilidade e da solidariedade, os quais garantiam vínculos mais eficazes para a formação do desenvolvimento intelectual e para a resolução de conflitos”; assumindo uma posição passiva perante a educação dos filhos (GUZZO, 1990, p. 135).

Conta-se ainda com a família para a excelência no desenvolvimento físico, mental, social, moral e espiritual de sua prole. Desse modo, apontam-se algumas alternativas para o apoio à família, calcado na potencialização de seus papéis, fortalecendo elos familiares e as possíveis redes sociais de apoio que possam contribuir para a formação, criação e educação de seus filhos. A Escola para pais aparece como instrumento imprescindível para efetivo desenvolvimento dos filhos, pois os pais tendo orientações sobre o desenvolvimento do mesmo, conseguem compreender suas necessidades e dificuldades em cada etapa, facilitando, assim, a formação de uma identidade saudável e completa, tendo em vista que a família tem por finalidade assegurar o desenvolvimento das diversas habilidades humanas.

Portanto, a família e a escola devem apresentar objetivos comuns e integrados, capazes de desenvolverem a aliança educacional. Desta forma, estará contribuindo na possível formação de uma identidade saudável do educando, visto que a incumbência primária da escola é desenvolver a competência intelectual, formando o educando para a profissionalização e ao exercício da cidadania; enquanto a família tem por finalidade assegurar o desenvolvimento das diversas habilidades humanas.

Guzzo (1990, p. 135) acredita que “o envolvimento de pais em programas educacionais de suas crianças vem sendo considerado como uma variável relevante e facilitadora do desenvolvimento infantil”. O desenvolvimento, por sua vez, ocasiona mudanças físicas, neurológicas, cognitivas, afetivas e comportamentais que ocorrem de maneira ordenada e são relativamente duradouras, por conseguinte, os fatores ambientais em consonância aos fatores biológicos influenciam diretamente no comportamento infantil. Portanto, o ambiente: seja familiar ou escolar, interfere ativamente na qualidade do processo de aprendizagem do educando.

Em vista disso, a Escola para pais parte da premissa bibliográfica para ir ao encontro da realidade educacional. Possibilitando compreender que a Escola para pais se faz necessária tanto durante a educação formal, quanto informal da criança, tendo em vista que este tipo de estudo permite que os pais sejam capazes de lidar melhor com seus filhos, compreendendo suas necessidades e dificuldades básicas em cada faixa etária. Assim, o curso direcionou-os a um olhar amplo perante ao ato de educar. E os professores podem contribuir com a apreciação da interação com o outro, estimulando efetiva troca de subjetividade, deixando de lado uma educação centrada na figura do professor.

Diante das diversas problemáticas, a Escola para pais aparece como recurso indispensável na integração entre a escola e a família, repaginando esta interação, pois os pais tendo orientações sobre o desenvolvimento do filho, conseguirão compreender suas necessidades e dificuldades em cada etapa, possibilitando a construção de uma identidade saudável e completa ao mesmo.

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