ADOLESCÊNCIA E APRENDIZAGEM – ALICIA FERNANDEZ

ADOLESCÊNCIAS: ANTE O como tal no século XX, ou seja, que recém nesse analisar psicopedagogicamente esta questão período começou a diferenciar-se um tempo que muitas vezes por sua onipresença fica em ADOECER IMPOSTO ADOLESCER posterior à puberdade e anterior à adultez. uma mera enunciação, caindo na “invisibilidade Psp. ALICIA FERNANDEZ Até finais do século XIX não só não se falava de do hiper-visível”: adolescência senão que esta não existia no Como nos diz a Lic. María Sol Gonçalves da Desde o início do Século XX até o presente conjunto de representações que armavam o Cruz (artigo publicado no N° 12 da Revista cada vez se tem estendido e intensificado mais – “universo” da época: de ser criança se passava a EPSIBA): pela complexidade da cultura- as aprendizagens ser jovem , embora o termo “jovem” podia incluir “Ante o aumento quantitativo e a necessárias para “se fazer humano”. as crianças. mudança qualitativa do fluxo de informação nos A adolescência emerge então como um diferentes canais telemáticos (televisão, Esta extensão e intensidade sinalizam, por um fenômeno contemporâneo e da cultura ocidental. Internet…) precisamos nos perguntar: Como lado, o aumento da incidência de fatores sócio- Os ritos de iniciação característicos das incidem em nossa capacidade de pensar, de culturais na construção da subjetividade (e quiçá sociedades tradicionais cumpriam a função de aprender e de atender os modos particulares também na constituição do psiquismo); e por separar o jovem da infância e do grupo que o em que circula a informação nos meios outro lado visibilizam a importância dos acolheu e ao mesmo tempo entregavam ao telemáticos e de comunicação? processos de ensino-aprendizagem. jovem um passaporte de ingresso à comunidade Os modos particulares desta circulação Nós humanos somos humanos porque de adultos.

Alguns destes ritos supunham de informação nos exigem: uma atenção atravessar certas provas dolorosas e de breve continua (com tempos impostos desde fora… aprendemos a sê-lo. Esta é uma idéia central de duração. Não se necessitava um tempo para “estar sempre conectados”, “informação e Sara Paín, quem considera à aprendizagem adolescer (crescer) e, portanto não havia comunicação às 24 hs.”), focalizada no emissor, como o equivalente funcional nos humanos, do adolescência. unidirecional, dirigida a um fim previsto e com instinto animal. É a aprendizagem o que aos É significativo que o momento histórico em que quase nula possibilidade de surpresa e humanos nos permite manter-nos vivos, já que se começa a falar de adolescência coincida elaboração. Quantidades de informação carecemos de um instinto que determine a –segundo alguns autores- com o final da Primeira fragmentada, superposta e repetida infinitas adaptação ao meio como sucede com os Guerra Mundial e -segundo outros- com o final vezes durante um breve período de tempo e logo animais. da Segunda Guerra Mundial. “esquecida” dificulta a possibilidade de Assim, por exemplo: Em relação a temática significação e gera um terreno no que crescem a Nós humanos nascemos, não só carentes e adolescente necessitamos considerar: indiferença e o fastio.

Cada pessoa irá prematuros, senão também desadaptados ao Para a criança as figuras ensinantes principais construindo suas singulares “modalidades de meio e aí está a fonte onde bebe a inteligência são do âmbito familiar e escolar. Ainda com a aprendizagem” com maior ou menor humana. O pensar surge a partir da necessidade incidência cada vez maior dos meios e a plasticidade- em relação com um complexo de resolver os conflitos. telemática, as referências subjetivantes entramado de dimensões. Nesta construção tem principais continuam sendo as pessoas com as uma forte importância as “modalidades Inteligência que definimos como a capacidade quais a criança convive na casa e na escola. ensinantes” que imperam no meio social de desadaptar-se criativamente do meio. Jorge – Dado que um trabalho psíquico necessário à promovendo/potenciando determinadas Gonçalves da Cruz nos diz que se a inteligência adolescência é o movimento subjetivo do familiar “modalidades de aprendizagem”, ou seja, humana fosse adaptação -como muitos ao extra-familiar para quem está em posição marcando de modo particular as formas em que sustentam- os seres mais inteligentes seriam as adolescente as figuras extra-familiares passam a os sujeitos de uma época se relacionam com o baratas, aqueles insetos que tanto se adaptam ser os ensinantes privilegiados. conhecimento e consigo mesmos como autores aos esgotos como às mesas dos mais de seu pensamento.

Pensemos: na atualidade, que modalidades sofisticados banquetes. Ensinantes imperam no mundo extrafamiliar Os meios de comunicação têm obtido dos adolescentes? um lugar preponderante como figuras A adolescência está longe da adaptação. Qual é a modalidade de ensino da televisão e ensinantes. Precisamos nos perguntar pelas Pelo contrário pode definir-se como um dos meios massivos de comunicação? Como os particulares “modalidades ensinantes” que estes tempo essencialmente criativo. Criar é adolescentes recebem, as notícias sobre desenvolvem para abrir um caminho de escuta e transformar, é tomar a dura pedra para fazer com reflexão frente às vicissitudes nos modos de guerras, assassinatos, violência, devastação ela a tênue pele de uma escultura. aprender e atender das crianças e jovens. ecológica? Veremos que a modalidade A adolescência não se adquire com a idade. Atender é significar e para significar se Não é algo que se obtenha por determinação imperante é a exibição e a desmentida. Então: Podemos adjudicar aos adolescentes a requer: tempo, descontinuidade, elaboração – orgânica ao chegar ao aniversário número 13 historização, relação com outros e consigo responsabilidade das violências que recebem? nem algo que culmina aos 20 anos ao abandonar mesmo. Reconhecer-se com certa possibilidade Podemos sinalizar “seu desinteresse”, “sua as chamadas “idades teen.” de transformar a nós e/ou ao mundo circundante. abulia”, “sua falta de entusiasmo”? É importante Sabemos que a adolescência faz sua aparição ADOLESCÊNCIA E APRENDIZAGEM 

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