Observa-se claramente que a escola não vem acompanhando de forma coerente as transformações do mundo contemporâneo. Os reflexos dessas transformações são visíveis nos sistemas social, familiar e escolar, diante das modificações crescentes e significativas na subjetividade do homem, no seu modo de pensar, sentir, se relacionar e viver. Essas transformações inevitavelmente geram um desequilíbrio na rotina escolar e nos obriga a pensar em alternativas urgentes que tragam de volta o equilíbrio necessário, uma vez que entendemos o ambiente escolar como responsável por proporcionar o bem estar individual e coletivo, através do clima de humanização e consequentemente possibilitar uma convivência adequada dentro desse sistema.
A complexidade desta questão e a busca incessante por novas possibilidades de atuação nos conduziu o olhar para a abordagem sistêmica, onde o sistema escolar ocupa um espaço de transformação em direção a um maior favorecimento da humanização entre os homens, nos permitindo realizar um trabalho de prevenção com toda a comunidade educativa.
Bert Hellinger, nos anos 80, com base no pensamento sistêmico criou uma nova abordagem terapêutica, as constelações familiares que ao se expandir chegou a área da educação, com a denominação de Pedagogia Sistêmica, que foca o sujeito como parte de um sistema básico de relações – a aprendizagem escolar e a familiar, ligadas por intersecções a outros sistemas. Essa abordagem vem sendo aplicada em países da Europa e em outros continentes, trazendo soluções sistêmicas para questões as mais diversas, desde dificuldade na aprendizagem, conflitos entre alunos ou entre eles e os professores, comportamento agressivo das crianças e outros.
A pedagogia sistêmica surge como um novo paradigma educacional que abrange o sistema fenomenológico e construtivista (Vilaginés, 2001), e tem o olhar voltado para as soluções, sendo, portanto uma esperança para a educação e para a humanidade em tempos de crescentes mudanças. Para Vilaginés (2001, p.17). “A Pedagogia Sistêmica é uma nova forma de pensar a educação e nossas atitudes diante de todos aqueles que intervêm no ato educativo: famílias, alunos, docentes, etc. Este enfoque pedagógico trata de criar as condições necessárias para que a escola seja um espaço orientado para as aprendizagens da vida e para que as novas gerações possam fazer algo útil com o legado que lhes foi transmitido por seus pais.”
A partir desse entendimento nos propusemos desde 2012 eu e Eliane C. Cansanção, realizar com um grupo de professores encontros sistemáticos(01 ou 02 por mês), nos quais foi possível através das vivências realizadas, oferecer ferramentas e possibilidades que os levaram a tomar consciência de sua real função e qual o seu lugar no sistema escolar. Através de leituras para fundamentar o trabalho de forma teórica e dos exercícios sistêmicos foi trabalhado o pertencimento, a inclusão, as ordens do amor na família, na escola e na sociedade, as ordens do amor entre pais e filhos, a visão sistêmica no olhar do professor, a ajuda que tem força, o acolhimento, a reverência aos pais, papéis invertidos e emaranhamentos na família; o que vem trazendo resultados positivos e promovendo um melhor equilíbrio em todo o ambiente escolar. Reforçando a certeza de que através do aprimoramento do olhar do ser-professor e da escola e vivenciando experiências sistêmicas, poderemos encontrar soluções sempre positivas para resolução das questões que se apresentam no contexto escolar (pais-professores e alunos), nos dando esperança para acreditar no potencial humano e na valorização da vida, reconstruindo e reinventando a escola do século XXI. Salvione Klivia C. M. Tenório – (Pedagoga e Psicopedagoga)