Pedagogia Sistêmica – (Marianne Franke)

Pedagogia sistêmica é uma corrente da psicopedagogia desenvolvida com bases no trabalho de Bert Hellinger com as constelações familiares e posteriormente desenvolvido por Marianne Franke Gricksh, Angelica Olvera e Alfonso Malpica que adaptaram suas percepções para a área educacional. A Universidade do México atualmente possui uma cadeira de pós-graduação sobre a essa nova forma de educar. Já houve dois congressos internacionais sobre o tema, um na Cidade do México (2004) e outro em Sevilha (2006).

Bases metodológicas

A pedagogia sistémica ou paradigma sistémico-fenomenológico é um método educativo, uma prática dinâmica que está vinculada no contexto educativo e que denominamos campos de aprendizagem.

Este novo paradigma vem sendo desenvolvido nos últimos sete anos em vários países do mundo, ampliando a visão significativa do todo na relação escola-família, trazendo a possibilidade de criarmos a partir da escola um ambiente de inclusão onde todos possam assumir os seus papéis, levando em conta os sistemas familiares, educativos e institucionais. Se algo caracteriza a pedagogia sistémica é, justamente, a sua firme proposta de inclusão. Devemos o seu desenvolvimento a Bert Hellinger (psicoterapeuta alemão) criador da Terapia Sistémica Fenomenológica – Constelações Familiares, técnica terapêutica que permite olhar o indivíduo dentro do seu contexto familiar a partir das relações que estabelece com pessoas da família e com pessoas que não fazem parte da família, através de vínculos de amor e lealdade. A solução para os conflitos e as desordens ocorridas nestas relações se faz através das “ordens do amor”, promovendo equilíbrio e harmonia.

Aplicações

A Pedagogia Sistémica se manifesta no contexto educativo. Resulta necessariamente em observar como traduzimos e integramos os princípios que sustentam as “ordens do amor” para que nos sirvam de orientação e de tarefa escolar como: – A importância da ordem; quem veio antes e depois tem a ver com o vínculo entre gerações (tanto para os alunos como para os professores); – A importância do lugar onde cada qual tenha a sua correspondência; tem a ver com as funções, quem e como é o pai, mãe, professor, diretor, outros (os pais dão e os filhos recebem, os professores oferecem e os alunos tomam); – O valor da inclusão em contrapartida com as implicações da exclusão; em aula, na escola, como um espaço de comunicação em que todos tenham um lugar (pertencimento); – O peso das culturas de origem, que tem a ver com a fidelidade no contexto da qual viemos (o que também podemos chamar de consciência);

O significado das interações; todos os membros de um sistema estão vinculados aos outros, irremediavelmente, o qual é especialmente interessante no sentido de que, quando um desses membros mostra algum tipo de sintoma, a razão de ser deste não está tanto na forma concreta, mas na informação que dá ao sistema de que haja alguma questão que não resulta função para o bem estar coletivo e individual.

Essa visão geral das relações sistémicas aparece a partir de três perspectivas complementares: rede familiar (entre uma geração e a seguinte, ex: pais e filhos), rede social (entre diversas gerações, ex: avôs e netos) e a perspectiva que existe dentro das gerações (peculiaridades e influências no contexto educativo e social).

Um dos elementos que caracteriza a perspectiva sistémica na pedagogia é a capacidade de desenvolver com respeito a nossa percepção. Assim para estarmos conectados com esta percepção, nós devemos conhecer nossas próprias origens, saber sobre os nossos vínculos e trazer à superfície as identificações, as substituições e todas aquelas cargas que configuram nossa história. Se não fizermos isso, se por alguma razão não tomamos o suficiente de nossos pais e nos sentimos demasiadamente arrogantes porque nos consideramos melhores que eles e vamos ser ainda melhores para nossos filhos; dessa forma não vamos estar dispostos a investir nessa área, porque a nossa percepção esta envolvida por ideias, conceitos, princípios, crenças, etc, que nos impedirão de percebermos o que acontece com a vida de nossos alunos e o tipo de interação que podemos estabelecer entre eles.

A pedagogia sistémica e os quatro aspectos básicos para a função da escola:

1. Independente da maior ou menor complexidade e justificativa, teórico-prático deste paradigma, se trata de um planeamento claramente centrado nos objetivos fundamentais da escola, gerando um espaço orientado para o aprendizado e o bem-estar dos alunos.

2. Para que estes objetivos centrais possam se desenvolver é indispensável que os pais dos alunos se sintam reconhecidos pela instituição e tenham um lugar de privilégio dentro dela; deve existir uma declaração explícita no sentido de que a área educativa começa pelos pais e que eles dão seu consentimento para que a escola possa se ocupar de seus filhos com respeito nos processos de aprendizagem.

3. A escola deve ser exclusivamente um espaço educativo em nenhum momento um espaço terapêutico, apesar de que há certas intervenções sistémicas com movimentos terapêuticos associados à educação.

4. No momento em que todos os protagonistas implicados na tarefa educativa (instituição, professores e os próprios pais) visarem com responsabilidade à direção da tarefa que lhes compete, os alunos aprendem e se desenvolvem sem maiores dificuldades.

Os seres humanos aprendem distinguindo, percebendo as diferenças e as semelhanças. Na Pedagogia sistémica o que fazemos é ampliar a visão, distinguindo essas diferenças, desenvolvendo a capacidade de reconhecer a consciência de cada contexto e o quê com ela se manifesta, de maneira que através dessa sensibilidade possamos passar pela confrontação de “boas e más” consciências, num espaço de interações respeitosas em que podemos ver em todas as direções, evitando cair na exclusão e na desclassificação, pois no enfoque sistêmico-fenomenológico nos é permitido perceber que existem verdades universais, que nada é absolutamente perene e que as pessoas atuam desde as boas intenções por amor; apesar de que às vezes ambos sejam motivos suficientemente funcionais para o equilíbrio e bem-estar dos próprios sistemas.

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