Capacidade de Atenção e Aprendizagem – Eliane Cansanção e Salvione Tenório

CAPACIDADE DE ATENÇÃO E APRENDIZAGEM

Eliane Calheiros Cansanção
Salvione Klivia C. Marinho Tenório
www.gesppma.com.br

Hoje uma das queixas mais frequentes de pais e professores sobre as crianças e os jovens são: “Meu filho não presta atenção” , “Os jovens são inquietos”, “ Os adolescentes são distraídos”, “Os alunos não prestam atenção na aula”, tendo, como consequência, a queda no rendimento escolar e a mudança de comportamento.

Diante desse contexto, é importante refletir, perguntar e se perguntar:

– O que está acontecendo na sociedade atual?

– Como estamos cuidando de nossas crianças?

– Como se ensina e como se aprende na contemporaneidade?

Nas últimas décadas o mundo vem passando por profundas transformações sociais, econômicas e tecnológicas, as quais refletem e produzem novos padrões de comportamento, não significando que os mesmos sejam um problema. É preciso que pais, professores e a própria sociedade aprendam a lidar melhor com estas mudanças.

As novas tecnologias, utilizadas nos meios de comunicação, podem levar crianças, jovens e adultos a ficarem inquietos, desatentos e ansiosos por fazerem várias coisas ao mesmo tempo como atender o celular, abrir e responder e-mails, navegar na internet, jogar games, ver e criar blogs, assistir a TV, ler jornais etc. resultando, assim, em um excesso de informações e numa possível diminuição de produtividade, ocorrendo também uma modificação da noção de tempo e espaço e na forma de comunicação, refletindo diretamente no modo de viver, sentir e pensar do ser humano.

Neste artigo é nosso desejo compartilhar com o leitor a importância de atender a infância e a adolescência de acordo com o momento em que vivemos, respeitando a fase de desenvolvimento do ser humano, a partir de um olhar e de uma escuta psicopedagógica.

Atualmente a sociedade globalizada “nos desatende a todos” e coloca como enfermidade o que as crianças denunciam em sua inquietação e falta de atenção. (Jorge Gonçalves da Cruz). As crianças perguntam e não são escutadas e esta falta de “atender”

surge em forma de sintomas. É preciso escutar mais as crianças, levando-as a viver o momento presente.

A forma de “prestar atenção” é diferente de antes. Alicia Fernández assinala que a capacidade atencional é construída, é um processo psíquico inerente ao ato de pensar e aprender. E o verdadeiro sentido de aprender para ela é “autorizar-se “ a pensar, desfrutar da alegria de criar, refletir sobre nossa condição humana, perguntar, jogar, sonhar, inquietar-se, desejar, trocar. Porque aprendemos daqueles que nos são significativos, quando confiamos em quem nos escuta – se nos escuta. Aprendemos quando somos reconhecidos pelo ensinante, portanto, aprendemos através da nossa subjetividade e objetividade, afeto, inteligência e desejo.

É importante também fazer um diagnóstico para verificar outras possíveis causas da falta de atenção e inquietação da criança e do adolescente que podem ter sua origem nos problemas neurofisiológicos,emocionais ou sistêmicos e focar o tratamento na causa do problema e não no sintoma.

A escola também tem o compromisso de ser um espaço para promover o pensar, o criar e formar pessoas autônomas, inserindo o aprendiz na sociedade e instrumentalizando-o para os desafios impostos pelos avanços tecnológicos e excesso de informações, a fim de que possa articular os conceitos recebidos, transformando-os em valores para a construção de uma sociedade mais saudável e humana. 

Atenção vem do verbo atender, e atender é cuidar. Cuidar é mais do que curar

Eliane Calheiros Cansanção- Psicóloga e Psicopedagoga ClínicaSalvione Klivia C. Marinho Tenório – Pedagoga e psicopedagoga

( artigo publicado Revista Viver Melhor- Maceió/AL)

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